Pesca Salto e Vara – apanhar atum vivo no Atlântico à mão

O Arquipélago dos Açores é constituído por nove ilhas de origem vulcânica e está localizado na Cordilheira do Meio Atlântico, no Oceano Atlântico, entre os continentes americano e europeu. Os Açores têm muitas actividades económicas, sendo a agricultura e a pesca duas das mais importantes.

A pesca do atum é uma actividade bem conhecida nos Açores e, graças a isso, o atum é um peixe abundante nas ilhas, sendo usado na confecção de pratos, sanduíches, patés e muitos outros usos. Mas o que é realmente interessante é a maneira como os pescadores pescam o atum no Oceano Atlântico: à mão.

Sim, leu certo: no meio do Atlântico, há um bando de pescadores loucos que navegam para o mar em busca do melhor atum para capturar com apenas uma vara e uma linha. Um por um. À mão. Isso é conhecido como técnica de pesca "Salto e Vara".

A técnica de pesca Salto e Vara

Este método de pesca é chamado desta maneira devido aos procedimentos em que se baseia e porque utiliza peixes pelágicos vivos pequenos como isca (cavala, carapau, sardinha e outros).

Como o nome indica, envolve uma vara, que varia em tamanho e forma, e a técnica do salto, que consiste em puxar o peixe a bordo com um único movimento, fazendo-o saltar. Obviamente, essa manobra é mais difícil quanto maior o tamanho do peixe.

É uma pesca activa e dinâmica que procura os cardumes de atum na superfície do mar, atraindo-os para a embarcação com isco vivo. Existem dois factores extremamente importantes nesse tipo de pesca: a grande voracidade que o atum tem quando se está a alimentar, levando por vezes a comportamentos frenéticos; e a habilidade que o pescador tem de iludir o atum, atraindo-o para o seu anzol.

A importância ecológica da pesca com salto e vara

A pesca do atum usando a técnica Salto e Vara e o isco viva fazem parte do património social e cultural dos Açores. Numa altura em que a comunidade internacional se preocupa com o uso de artes de pesca muito intensivas e não selectivas, como redes de deriva e redes de cerco, a pesca do atum com recurso ao Salto e Vara e isco vivo deve ser reconhecida como um tipo altamente selectivo de pesca e “amiga” do meio ambiente, pois não possui capturas laterais.

O facto de as artes de pesca utilizadas nos Açores serem facilmente manobráveis ​​e controladas pelos pescadores (exemplo: um homem = 1 vara = 1 linha = 1 anzol) permitindo a captura de apenas um indivíduo de cada vez é a principal razão para este sucesso na selectividade. Dada a natureza simples das artes utilizadas, o pescador pode seleccionar os peixes, evitando capturar peixes mais jovens ou espécies não comerciais, ou espécies importantes para a conservação da natureza.

Como apreciação e reconhecimento ecológico desta técnica de pesca, a organização não governamental “Earth Island Institute” certifica, desde 1998, através de um Programa de Observação para as Pescas dos Açores (POPA), a pesca de atum nos Açores como sendo “Dolphin Safe”. Recentemente, a mesma instituição certificou a mesma pesca como uma das primeiras do mundo a cumprir todos os critérios para a certificação “Friend of the Sea” da FOS.

Atuns Santa Catarina

A fábrica de atum açoriana “Santa Catarina” há muito tempo que preserva esta técnica de pesca e produz uma das melhores conservas de atum que se pode provar.

Da posta ou filete ao natural até ao azeite biológico, a verdade é que o sabor fala por si: há atum com molho crú, caril, tomilho, batata doce, orégãos, funcho, pimenta dos Açores, alecrim, manjericão, poejo, gengibre, quatro pimentas, e muitos outros tipos de conservas.

Pode-se simplesmente provar o atum directamente da lata, com uma fatia de pão para o óleo e os temperos que cobrem o atum, perfeitos para um lanche do meio-dia com uma fatia de queijo açoriano e um copo de um maravilhoso vinho verdelho gelado, para provar os melhores sabores da vida.

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